Lançamento do vídeo Final de Tarde Clássico

Há um bom tempo os telefones celulares deixaram de ser um meio de comunicação e se transformaram em verdadeiros aparelhos multifuncionais de bolso. Hoje, além de ligações, é possível fazer fotos, ler e receber emails, navegar na internet e ainda fazer uso do mesmo em redes sociais.

Tanta inovação tecnológica levou André Porto, skatista da região oeste de São Paulo, a fazer o primeiro vídeo de skate do Brasil filmado com celular. Final de Tarde Clássico foi lançado em uma premiére que aconteceu no sábado, dia 7 de agosto, no CEU Butantã, em São Paulo.

Em uma entrevista exclusiva, conversamos com André sobre o vídeo e como ele chegou ao resultado final. Confira:

De onde surgiu a ideia de fazer um vídeo de skate capturado com câmera de celular?
Tudo começou de uma simples brincadeira. Comprei um celular com uma câmera bem simples e comecei a filmar manobras dos meus amigos na pista do CEU Butantã para fazer um pequeno vídeo. Após as filmagens, percebi que o material era insuficiente, pois não tínhamos nem um minuto de filme. Continuei capturando imagens enquanto mais pessoas iam se envolvendo com o “projeto” até conseguir material para fazer o primeiro vídeo.

Você já vem registrando skate com o celular há algum tempo. Quanto tempo levou para captar todas as imagens do vídeo?
Comecei a filmar com celular em 2008, desde o início venho capturando imagens para utilizar no vídeo. A última sessão de filmagens que fiz foi no último final de semana de julho de 2010.

Câmeras de celular não possuem recursos avançados de captação, dessa forma, qual foi sua principal preocupação no registro das imagens?
A grande limitação está relacionada ao zoom. Como ele é digital, não é efetuado pela lente, sempre que o utilizo acabo perdendo em qualidade. Outro fator limitador é a luminosidade, quanto menos luz tiver, pior a qualidade dos registros, isso me obrigou interromper todas as sessões de filmagens antes de anoitecer.

Dentro do período de registro das imagens, você trocou de celular? Houve diferença na qualidade das imagens?
No início sim, a qualidade era bem ruim pois usava um celular LG que tinha uma câmera de de 3 megapixel. Depois, passei para um pouco melhor até pegar o Nokia N95, que tem uma câmera de 5 megapixel com lente Carls Zeiss. Isso melhorou substancialmente a qualidade das imagens, porém, como eu já tinha registros feitos com celulares de qualidade inferior e filmar certas pessoas novamente seria uma tarefa complicada, optei por mesclar os materiais no vídeo.

Você já recebeu alguma ligação enquanto filmava? Como resolveu o impasse?
Hoje só utilizo o celular para filmar, o último que comprei não tem nem chip. Mas recebi sim. Recebi várias ligações bem na hora em que estava filmando, o que interrompia a gravação. Mas não cheguei a perder algo muito importante.

Você sai para gravar e percebe que a bateria está no fim. O que você faz? Registra a manobra ou faz uma ligação?
Haha, como te disse, o celular pessoal é um e o de filmar é outro. E mesmo assim, para evitar qualquer tipo de problema carrego sempre duas baterias extras e um cartão de memória com 8GB de capacidade.

Qual a maior dificuldade de fazer um vídeo de celular?
Não sei lhe dizer, pois fui obrigado a me adaptar a uma nova maneira de filmar. Claro que no início tive muita dificuldade, fiz péssimos registros, mas aos poucos fui aprimorando minha técnica e passei a explorar todas as possibiidades oferecidas pelos aparelhos. No começo eu achava que os skatistas não iam se interessar em fazer manobras para aparecer em um vídeo de celular, mas percebi que estava enganado.

Quantos skatistas fazem parte do vídeo?
Só contei uma vez e já faz tempo. Na época tinham umas 70 pessoas diferentes, a maioria amigos e frequentadores da pista do CEU Butantã. Tem um pouco de tudo, skatistas amadores, profissionais, pessoas comuns, mulheres, crianças, adultos e pessoas das imediações da pista.

Você conquistou um apoio da prefeitura. Diga mais a respeito.
Fui contemplado pelo programa VAI (Programa para Valorização de Iniciativas Culturais), inscrevi o projeto faltando 2 semanas para o encerramento do prazo de inscrição. Para dizer a verdade não tinha nenhuma esperança em ver o meu projeto aprovado, mas acabou acontecendo. Financeiramente, esse apoio me deu um grande suporte para concluir todo o projeto, e mesmo que não fosse aprovado, o vídeo seria feito sem qualquer tipo de apoio.

De onde vem o nome do vídeo?
Quem já teve oportunidade de andar de skate na pista do CEU Butantã na parte da tarde com certeza pôde conferir o sol se pôr no horizonte. Há algum tempo os skatistas locais usam o termo “final de tarde clássico” para descrever as sessões que acontecem alí. Como as imagens são feitas na pista, nada mais justo que batizar o vídeo com a expressão.

Como conseguiu a lente fish-eye que você utiliza no vídeo?
Certa vez o Fabiano Lokinho me falou sobre uma lente fish-eye magnética para câmeras digitais de celular. Isso me deixou curioso, fui procurar no EBAY e encontrei uma para vender. Comprei a mini fish-eye diretamente da China.

Você criou o site skatemobile.com.br, o que o internauta vai encontrar nesse espaço?
O site vai conter sempre atualizações de vídeos feitos com celular. Já preparei dois bônus de Final de Tarde Clássico, sendo um noturno, iluminado por geradores. O outro serão algumas imagens da premiére. Já tenho muita coisa filmada pelas ruas de São Paulo, em breve pretendo lançar um novo vídeo somente com skate de rua.

Agradecimentos: CEU BUTANTÃ, a família Butanclan, recanto dos skatistas, Seu Luiz, Prefeitura de São Paulo, VAI - valorização de iniciativas culturais, a todos que participaram direta e indiretamente do vídeo e CemporcentoSKATE pelo apoio e divulgação.

Serviço:

Premiére Final de Tarde Clássico

Dia - 7 agosto, às 14h30
CEU Butantã — Av. Eng. Heitor Antonio Eiras Garcia, 1870, Butantã-SP