Murilo Peres - O skate e a união de três irmãos

Por:ESPN
A cada dia que passa Murilo Peres está se tornando um skatista mais consistente. Seu domínio nas transições já lhe permite fazer linhas totalmente imprevisíveis, costurando as bordas e as transições como poucos skatistas fazem.
Mas a história em torno do Murilo vai muito além de suas manobras. Sua união com seus irmãos impressiona. Gabriel, Caio e Murilo sempre estão juntos, mas a relação de cada um deles com o skate é bem diferente.
Pensando nisso pedimos para Caio e Murilo Peres escreverem sobre a relação deles com o skate, o ponto em comum entre estes três irmãos .
Murilo mostrando as bases de borda-Nosegrind arrancando.
Murilo mostrando as bases de borda-Nosegrind arrancando.Crédito da imagem: Pablo Vaz
Skate em família, por Caio Peres
Murilo Peres no bowl de Rock Donald (EUA) Foto:Caio Peres
O skate hoje é uma coisa muito influente em nossa casa, somos em 4 irmãos homens e 3 andam de skate em todo o tempo livre e escondido possível. Quando comecei a andar, meus pais ainda muito céticos e preconceituosos, eram totalmente contra, talvez por isso eu tenha me tornado muito independente quando tinha uns 15 anos, já me virando sozinho com patrocinadores, viagens, obrigações de escola e até mesmo uma cirurgia de joelho que tive que correr atrás de tudo praticamente escondido.
Porém, depois de muito tempo insistindo em casa para irem nos meus campeonatos, na época as etapas do Brasileiro que ocorriam na extinta Skate House e Tent Beach, o Murilo e o Gabriel começaram a se interessar.
Uma mudança que posso afirmar muito chocante em casa, pois o Murilo com apenas 9 anos de idade, teve um interesse muito explosivo, e talvez por ser o “xodózinho“ da mamãe, tudo começou a mudar por aqui.
Em apenas dois anos, quando ainda participava da categoria iniciante, veio a oportunidade com duas marcas, ou que prefiro dizer, pessoas importantes, o Pinga da Oakley e os irmãos Edu e Adriano da Drop Dead.
Algo que sempre foi muito difícil de ver, grandes empresários investindo em “possíveis talentos”, acreditando desde o início.
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Irmãos Peres descansando depois da sessão de skate nos EUA.Crédito da imagem: Caio Peres
Ao ver o talento e evolução exponencial que meu irmão estava tendo, decidi me focar no seu futuro, para que “dores de cabeça“ como várias que enfrentei no skate, não impedissem ele de aproveitar esse estilo de vida tão apaixonante que é o skate.
Desde então tenho cuidado de tudo que se relaciona a sua carreira, até assumo que sou bem chato e as vezes rigoroso, mas tento sempre ter certeza de que ele esteja aproveitando todas as oportunidades que ele tem, que esteja sempre dando valor a uma coisa que muitos queriam ter, viver fazendo o que gosta.
Sua evolução por um lado, as vezes fica muito limitada pela falta de pistas no Brasil, ainda mais em São Paulo, que é uma vergonha! Nos últimos 3 anos o foco foi viajar e aproveitar a participação em grandes eventos para treinar nas pistas dos sonhos que existem mundo afora.
Sempre acompanhado com ele, comecei a me interessar pela captação de imagens, investi no meio, e hoje documento tudo que acontece no seu dia a dia, e sempre que sobra um tempo, experimento umas edições e coloco no youtube.
Tenho muito orgulho de quem ele está se tornando, para mim o skate nunca foi só um esporte, mas sim tudo que envolve ele, e o Murilo tem mostrado muito respeito a tudo isso, além de ser um ótimo skatista, tem aprendido muito com as viagens e as sessões com os amigos.
Como sempre digo para ele, skatistas bons existem milhões por ai, mas poucos, dão valor as chances que tem! Vai andar de skate que o resto é com “nóis“.
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A união de Murilo com seus irmãos impressiona. Gabriel, Caio e Murilo sempre estão juntos, mas a relação de cada um deles com o skate é bem diferente.Crédito da imagem: Aguinaldo Melo
A vida em cima do skate, por Murilo Peres
Murilo andando em mais uma pista de skate em uma de suas viagens (McMinville- EUA) Foto:Caio Peres
Quando mais novo, em 2006, o skate para mim era apenas aquilo que eu pegava emprestado do meu irmão e ficava deitado nele indo de um lado para o outro da sala de casa. Eu achava muito divertido mais minha mãe não, pois afinal o piso de madeira ficava todo marcado pelas rodas do skate. Meu irmão Caio, nesta época era um dos melhores skatistas de vertical amador e já andava de skate a uns 5 anos, e com o passar do tempo eu comecei a frequentar de vez em quando seus campeonatos na antiga Skate House (Bila). Foi a partir dai que comecei a entender o que era o skate e comecei a criar gosto pelo carrinho , pois queria andar igual meu irmão .
Com isso eu implorei para que ele me desse um skate de natal para que eu pudesse andar de skate junto com ele e portanto também poder me divertir sobre aquelas quatro rodas. Ele acabou montando um skate para mim que não era aquele dos melhores mais foi com ele que fui pegando o gosto, e comecei a frequentar uma pista de skate que havia em meu clube (Paineiras do Morumby), onde nela havia uma pequena área de street e um mini half pipe.
Depois de um tempo a minha vontade de andar de skate aumentava a cada dia e com isso comecei a fazer aulinha em um banks no fundo de uma loja que ficava perto da minha casa, com isso fui aprendendo a base do skate, nessa fase nosso outro irmão Gabriel começou a andar também.
Minha fissura por andar era tanta que quando meus irmãos não iam andar eu pegava o celular do Caio e ligava para os amigos dele que também andavam de skate pra pedir carona paras as pistas.

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Competição de skate em Foz do Iguaçu.Crédito da imagem: Caio Peres
Com o passar do tempo construíram outra pista de skate perto de casa que é chamada de ‘’Sumaré’’ o parque Zilda Natel, comecei a frequentar ela também o que fez meu skate ir evoluindo aos poucos, mas mesmo assim sempre levei esse esporte como diversão. Comecei a competir em alguns campeonatos na categoria mirim e com o passar do tempo eu comecei a andar em novas pistas de skate e passei a viajar para competir. Meu irmão a partir de um momento acreditou em um futuro potencial para mim, mais como ele havia se machucado duas vezes seriamente no joelho e começou a estudar em uma difícil faculdade, ele passou a cuidar dos meus problemas e dizia que eu não tinha que me preocupar com nada a o não ser andar de skate e me divertir. Também, muito importante para minha carreira foi o surgimento de patrocínios que me ajudam muito em tudo que envolve a minha evolução, pois eu passei a ter condições de viajar também para o exterior para andar de skate .
Já hoje em dia eu posso dizer que o skate tomou conta da minha vida , pois afinal eu vivo para andar de skate e continuo viajando para andar de skate e correr campeonatos cada vez mais, onde tenho a oportunidade de conhecer novas etnias e culturas sempre acompanhado de meu carrinho e meus irmãos!
Hoje em dia participo na categoria amadora e completo 6 anos andando de skate , onde já viajei para lugares como Estados Unidos e Oceania para participar de eventos internacionais, e tenho planos de passar para profissional ano que vem, isso se eu conseguir atingir um mérito nesse ano como amador, pois afinal a única certeza que tenho é que quero andar de skate até morrer e poder viver do esporte que eu amo tanto !!!
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'Já hoje em dia eu posso dizer que o skate tomou conta da minha vida', Murilo PeresCrédito da imagem: Caio Peres
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Pista Sumaré, a pista mais perto da casa de MuriloCrédito da imagem: Caio Peres
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Murilo prefere sessões com os amigos do que as competições. Crédito da imagem: Caio PeresMurilo saindo alto da borda no Skate Generation
Murilo saindo alto da borda no Skate GenerationCrédito da imagem: Pablo Vaz

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